A declaração de Independência nada tem a ver com a metade da raça humana
Em 1776, a Declaração da Independência americana proclamava que: "Consideramos estás verdades como evidências por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, que todos os homens foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienávieis, que entre eles estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade". Mais de cinquenta anos depois, entre 1834 e 1836, Harriet Martineau viajou pelos EUA e registrou uma imagem muito diferente da sociedade americana. O que ela viu foi uma enorme discrepância entre os ideais de igualdade e democracia e a realidade da vida nos EUA.
Antes de sua visita, Martineau fez fama como Jornalista que escrevia sobre economia política e problemas sociais; assim, em suas visitas, ela transformou em livro suas impressões da sociedade americana. Mas seu livro Theory and Practice of Society in America foi muito além da simples descrição, já que analisava as formas de injustiça social com as quais se defrontou por lá.
👉🏿 Emancipação Social
Para Martineau, o grau pelo qual se pode pensar uma sociedade como sendo civilizada é medido pelas condições nas quais vive o seu povo. Ideais teóricos não são uma medida sobre quão civilizada é uma sociedade se eles não aplicam a todos. Os supostos ideiais da sociedade americana, em especial a estimada noção de liberdade, foram deslegitimados pela prática incessante da escravidão, que Martineau identificava como principal exemplo de uma parte da sociedade dominando a outra.
Por toda sua vida, Martineau lutou pelo fim da escravidão nos EUA, mas também aplicou seus princípios sobre como se constitui uma sociedade civilizada para indentificar e se opor a outras formas de exploração e opressão social, como o tratamento injusto da classe trabalhadora na Grã-Bretanha Industrial e a submissão das mulheres no mundo ocidental.
Martineau enfatizou a hipocrisia de uma sociedade que se orgulhava da liberdade, mas que seguia oprimindo as mulheres. Tal tratamento era uma afronta, em especial, porque, conforme ela o descrevia, as mulheres eram metade da raça humana. "Se o objetivo é buscar um teste de civilização, ninguém está tão seguro a respeito da condição de metade da sociedade sobre a qual a outra metade exerce poder". Diferentemente de muitos de seus contemporâneos, no entanto, Martineau não lutou apenas pelos direitos das mulheres á educação e ao voto, mas descreveu as formas pelas quais a sociedade restringia a liberdade das mulheres tanto na vida doméstica a quanto na pública.
Para finalizar, Martineau, ficou famosa ainda em vida, porém sua contribuição ao desenvolvimento da sociologia só foi reconhecida recentemente. Hoje no entanto, ela é célebre não apenas como a primeira mulher a fazer um estudo metódico da sociedade, mas também como a primeira a formular uma perspectiva sociológica feminista.
👉🏿 Principais obras de Harriet Martineau:
• 1832-1834: Illustrations of Political Economy
• 1837: Theory and Practice of Society in America
• 1837-1838: How to Observe Morals and Manners
Trecho do Livro da Sociologia pág 26 e 27.
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