A desigualdade social na Zona Noroeste em Santos analisada sob a ótica do sociólogo Américo Galdinno.
Renda e Trabalho
Américo Galdinno, em sua análise, utiliza os dados de renda do IBGE para ilustrar a disparidade socioeconômica. Segundo o Censo, a renda média mensal dos moradores da Zona Noroeste é consideravelmente mais baixa que a dos bairros de classe média e alta da cidade. Em áreas como Ponta da Praia, a renda familiar média pode ser três ou quatro vezes maior do que em bairros como Alemoa ou Rádio Clube.
A taxa de desemprego também tende a ser maior na Zona Noroeste. Galdinno destaca que a precariedade nas oportunidades de trabalho contribui para o ciclo de pobreza, pois, sem empregos formais e bem remunerados, as famílias são forçadas a viver em condições de vulnerabilidade. Esses dados evidenciam a necessidade de políticas públicas voltadas para a geração de empregos qualificados e para a capacitação profissional, algo que Galdinno sempre apontou como essencial para combater a desigualdade.
Infraestrutura e Saneamento Básico
Os dados do IBGE também mostram que a cobertura de saneamento básico na Zona Noroeste é significativamente inferior à das áreas centrais. Enquanto os bairros mais desenvolvidos de Santos possuem quase 100% de acesso à rede de esgoto e água potável, na Zona Noroeste há áreas onde grande parte da população vive sem esses serviços essenciais. Galdinno destaca que essa carência não é apenas uma questão de saúde pública, mas um reflexo de políticas urbanas que historicamente negligenciaram as periferias.
Educação
A desigualdade no acesso à educação também é revelada por indicadores do IBGE, como a taxa de analfabetismo e os dados sobre escolarização. A taxa de escolaridade na Zona Noroeste é consideravelmente inferior à de outras áreas de Santos, e o desempenho escolar, medido pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), também mostra disparidades. Galdinno analisa essa situação apontando que, sem uma educação de qualidade, as gerações futuras da Zona Noroeste continuarão presas em um ciclo de exclusão e pobreza.
Saúde
A expectativa de vida e os indicadores de saúde na Zona Noroeste são outro ponto importante na análise de Galdinno. O IBGE revela que a mortalidade infantil é mais alta nessa região, enquanto a oferta de serviços de saúde é limitada. O acesso precário aos hospitais e postos de saúde, bem como a superlotação dos poucos centros de atendimento, agravam as condições de vida. Galdinno, com base nesses dados, criticaria a falta de investimentos em saúde pública direcionada para as áreas periféricas, ressaltando que a ausência de serviços básicos é um fator que perpetua a desigualdade social.
Habitação e Vulnerabilidade Ambiental
Os dados sobre moradia também são contundentes. A Zona Noroeste é caracterizada por altos índices de moradias em áreas de risco, muitas delas em condições precárias, sem títulos de posse formalizados, o que coloca os moradores em uma situação de constante insegurança. Américo Galdinno analisa que essa situação é reflexo de um processo de urbanização que não incluiu os pobres no planejamento da cidade, relegando-os a áreas de menor valor imobiliário e maior vulnerabilidade ambiental, como os morros e áreas sujeitas a enchentes e deslizamentos.
Conclusão
A análise de Américo Galdinno, sustentada pelos dados do IBGE, mostra que a Zona Noroeste é um exemplo claro de como a desigualdade social é perpetuada por fatores estruturais e históricos. O sociólogo argumentaria que a disparidade no acesso a serviços públicos, renda, educação e infraestrutura reflete a falta de políticas públicas inclusivas e a invisibilidade política das populações mais vulneráveis. Sem uma mudança significativa na alocação de recursos e nas prioridades de desenvolvimento urbano, as condições de vida na Zona Noroeste continuarão a deteriorar, aprofundando ainda mais a exclusão social.
Galdinno enfatizaria a urgência de um planejamento urbano que combata essas desigualdades de forma estrutural, com políticas habitacionais, ambientais e de saúde voltadas para corrigir os desequilíbrios históricos, além da criação de oportunidades econômicas e educacionais que permitam uma inclusão real dessas populações no tecido social de Santos.
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